Esta semana um conhecido jornal da cidade de Porto Alegre, trouxe a tona o já conhecido caso de Ameneh Bahrami, uma mulher iraniana que ficou com o rosto desfigurado e cega depois de um ataque com ácido há 7 anos, perdoou o seu algoz minutos antes que lhe fosse aplicado a sentença a que foi condenado: receber gotas de ácido em um dos olhos, como está previsto na sharia, o código de leis islâmicas. Esta publicação acendeu uma porção de debates sobre o perdão. Busquei imediatamente ler mais sobre o assunto e das abordagens que mais me cativaram, destaco a da filósofa alemã Hannah Arendt, da qual transcrevo o seguinte trecho:
"Se não fôssemos perdoados, eximidos das conseqüências daquilo que fizemos, a nossa capacidade de agir ficaria por assim dizer limitada a um único acto do qual jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas conseqüências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da fórmula mágica para desfazer o feitiço. Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas trevas do coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos - trevas que só a luz derramada na esfera pública pela presença de outros que confirmam a identidade entre o que promete e o que cumpre poderia dissipar. Ambas as faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a pessoa encena para si mesma."
E sejamos felizes....
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