[ chão de giz ]
- por Marcos Hinterholz
domingo, 19 de agosto de 2012
domingo, 10 de junho de 2012
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Retrato em Preto e Branco
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração
sábado, 17 de março de 2012
VII Epístola ao Outono
Sinto que todo dia aprendo um pouco, mas sinto também que poderia aprender mais. Não sou bom em dar conselhos, ou em escrever coisas que movam gentes. Sempre acho muito pretensiosa a forma como faço isso, e ainda estou muito longe de chegar a um nível razoável. Acho que faço só para sentir que faço alguma coisa e que não estou parado.
E sobre a arte: sempre disse que há muita coisa nesse mundo que não sei fazer, mas sei bater palma. Sei admirar quem faz e me esforço para entender cada vez mais essas tantas artes refinadas que quase conseguem traduzir a vida.
Existe um milhão de conceitos para o que é ARTE. Mas fico aqui com o mais simples e o melhor deles, o mais universal, que diz que arte é tudo aquilo que é belo e que te traz algum tipo de emoção.
Viver na arte é criar um mundo para si. É construir um palco e deixar desfilar livres as emoções. É não se conformar com a realidade prática das coisas e das relações humanas, ás vezes tão podres e tão perversas. É fantasiar, é acreditar que uma música resume toda a sua vida. Mas a música pode mudar todos os dias. Por que assim como a vida, ela pode ser sempre mais.
Hoje é o último sábado antes do Verão. Logo chegarás. Não te terei em meus braços, e nem sequer poderei te tocar, pois isso, para a natureza humana, não é lícito. No entanto e ao contrário, tu me terás e me envolveras com teus ventos tão refrescantes que trazem esta tristeza boa de que tanto falo, que tanto tento dizer, mas nunca consigo. De cuja explicação, sempre falta uma parte.
Espero que venhas e que fiques além do previsto. Que sejam longos e lindos todos esses dias. E que não tenhamos medo de morrer em qualquer um deles, pois estaremos invariavelmente felizes.
domingo, 11 de março de 2012
VI Epístola ao Outono
Deixa vir de dentro! Ouve-te a ti mesmo. Existem coisas que possibilitam esta experiência, que facilitam o processo! Uma música clássica, por exemplo. Tive esta experiência hoje, quando fui à apresentação de uma orquestra. Foi uma hora e meia de encontro comigo mesmo.
Sabe, descobri que dorme em mim alguém um pouco triste e velho, mas bonito mesmo assim. Acho que é por isso que te gosto tanto, Outono. Dentre muitas coisas, te vi em mim. Acho que desde que te conheci, senti em ti isso também, esse leve traço de tristeza, que deixa o homem mais belo. Outro dia te falei, talvez não lembres, que tinhas as medidas certas da beleza, da timidez e da coragem. Hoje descobri que de fato tens as medidas certas da beleza, da timidez e da coragem. Mas também ás da tristeza.
Tu sabes o que te faz chorar, o que te faz rir? Tu sabes o que te faz querer ficar, e o que te faz querer partir?
Tenta esta experiência. Tenta, força ou cria este encontro contigo mesmo. E assim como eu, espero que também tu, me encontres em ti.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Saudade
Onde andam seus olhos, que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza, onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava, onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares, que apesar dos pesares,
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?
Vinícius de Moraes
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Viver do amor
Pra se viver do amor
Há que esquecer o amor
Há que se amar
Sem amar
Sem prazer
E com despertador
- como um funcionário
Pra se ganhar no amor
Há que apanhar
E sangrar
E suar
Como um trabalhador
Jamais foi um sonho
O amor, eu bem sei
Já provei
E é um veneno medonho
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que o amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio
É iluminar a dor
- como um missionário