sábado, 30 de julho de 2011

Em pedras...


A partir de hoje, este meu verso será teu

Guarda no baú da tua memória

Esta minha verdade doída.

Leva contigo meus segredos mais profundos.

Lembra que te amei ligeiro e ingênuo

Como as coisas mais absurdas da vida

Como o momento rápido e mágico

Em que a borboleta pousa na flor.

Com meus sentidos

Medi a tua beleza,

A luz do teu olho

A leveza do teu riso

E a verdade em cada palavra tua.

Não domino os arreios do verso

Mas o que sinto

Me faz um pouco poeta

E com esforço te faço esse canto

Que este canto então

Traga-te contentamento

E que minha face abatida te sirva

Como prova do que sinto

Leva contigo o sentimento

Mais nobre da Terra

Que mesmo sem dizer

Sempre nutri por ti

Que a ausência de um nome

Nunca impediu de existir

Rendem-se todos os meus sentidos

A esta dor quase boa

Que indefinida

Definiu cada gesto meu

Lembra sempre do bem que te quis

Desde o instante único e primeiro

Em que minha mão tocou a tua

Em que meu caminho cruzou o teu.

Em troca prometo lembrar eu também

Todos os dias

Até onde a vida me permitir.


M.L.H - escrito em um dia qualquer do mês de abril de 2011

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Carta atribuída a Abraham Lincoln enviada ao professor do seu filho


"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, por cada vilão há um herói, que por cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe por favor que por cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.

Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos. Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.

Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando esta triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram. Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.

Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.

Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.

Eu sei que estou a pedir muito, mas veja que pode fazer, caro professor."

Abraham Lincoln, 1830

terça-feira, 26 de julho de 2011

Há doenças...

Há doenças piores que as doenças,
há dores que não doem, nem na alma.
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas, mais reais
que as que a vida nos traz. Há sensações
sentidas só com imaginá-las e
que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta coisa que, sem existir,
existe demoradamente,
e demoradamente é nossa e nós.
Por sobre a alma o adejar inútil,
do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
[Fernando Pessoa]

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um filme que vale a pena assistir.


A ÚLTIMA ESTAÇÃO


Este filme está em cartaz no Cine Guion de Porto Alegre, e é a única cópia existente no país.
O mais curioso deste filme é a desconstrução da imagem mitológica de Leon Tolstoi, expondo as duas dúvidas, fraquezas e erros.
Sem exageros, o filme é uma lição de vida.


SINOPSE:

1910. Yasnaya Polyana é propriedade de Leon Tolstoi (Christopher Plummer), no entanto ele rejeita a propriedade privada e defende a resistência passiva. Por isto, apesar de ser um dos maiores escritores do mundo, alguns o vêem como algo maior, um santo vivo. Já bem idoso vive lá com Sofya Andreyevna (Helen Mirren), sua esposa. Tolstoi centra a atenção em espalhar sua doutrina com o seu melhor amigo, Vladimir Chertkov (Paul Giamatti), que funda o movimento mundial tolstoiano, cujo quartel general fica em Moscou. Lá Chertkov entrevista Valentin Bulgakov (James McAvoy), que, apesar de ter 23 anos, ambiciona ser o secretário particular de Tolstoi e consegue o cargo. Como Chertkov está impedido de ver Tolstoi, cabe a Bulgakov ir até Yasnaya Polyana e servir de ponte entre Leon e Chertkov. No caminho Bulgakov para em Telyatinki, uma comuna tolstoiana criada por Vladimir Grigorevich como centro do movimento. Lá todos são iguais, seguindo os ensinamentos de Tolstoi. No dia seguinte, Bulgakov chega em Yasnaya Polyana e sente logo que Leon e Sofya divergem bastante. Apesar dela não exigir ser chamada de condessa e Tolstoi, obviamente, não querer ser tratado como conde, há um ar aristocrático em Sofya, que há anos não aceita os objetivos do marido, desde que seu trabalho como novelista se tornou secundário.

domingo, 24 de julho de 2011


Nem ouso mais dizer

Nem ouso mais dizer

Qualquer palavra de valor

Nem pensar no gosto da boca

Nem no calor da mão e da pele

Que um dia, manso, afaguei.

Quase esqueço que jurei

Que não te esqueceria

Mas lembro os teus vícios

A tua vaidade...

E covarde,

Escondo-me em mim,

E te esqueço.

Agora mais uma tarde se põe

Mais um dia encerra-se calado.

Tão elegante é o silêncio...

Mas temo que ainda estejas em mim.

E ninguém sabe dos dias que virão.

Mas agora não.

Agora não...

M.L.H. 22/07/2011