Quem eu sou?

Hoje pela manhã, ouvi o comentarista de uma conhecida rádio de Porto Alegre, durante um programa de debates, lançar a seguinte provocação aos presentes na mesa e aos rádio ouvintes: "Quem eu sou"?
Disse isso no sentido de que os ali presentes e também todos aqueles que o ouviam, fizessem este questionamento a si mesmos, ante os inúmeros problemas de ordem moral nas questões políticas do país. O que este comentarista fez foi tentar buscar nas fraquezas e no caráter humano, a resposta para tais problemas e o papel e a responsabilidade de cada um na aparente onda de "desmoralização" pela qual passa o Brasil.
Fiquei pensando nisso o dia inteiro. Tenho que reconhecer que esta provocação atingiu-me em cheio, pois coincide com o momento em que vivo uma forte decepção com o ser humano. De repente, alguém que esteve sempre ali do teu lado, com a imagem de alguém incorruptível, se corrompe. Todo mundo passa por isso em um momento ou outro da vida.
Já de noite cheguei a uma conclusão, que me pareceu merecer ser considerada: "Bom, se não há como saber quem os outros são, tenho que ao menos saber quem eu sou". Pensar assim, pode ser o último estímulo para continuar a fazer as coisas certas e querer viver e fazer com que a vida valha a pena.
Lembrei de uma amizade, uma grande influência que tive nos recentes tempos de graduação em História, que sempre me dizia que o verdadeiro revolucionário começa por fazer a revolução em si mesmo e nas pequenas coisas a sua volta. É o cara que dá o exemplo. É o melhor aluno, o melhor filho, o melhor pai, o melhor marido.
Não posso nem consigo ter a pretensão de ser perfeito, tampouco considero estar perto deste estágio. Mas mesmo ante tantas frustrações, coisas que lançam tudo na lama da descrença, sei que atitudes de hombridade e desprendimento ainda me comovem profundamente. E logo percebo que, enquanto houver sentimentos como este, as coisas ainda não estão totalmente perdidas.
No meio de tanta patifaria, tenha ao menos certeza de quem você é!

Marcos Luiz Hinterholz