domingo, 20 de novembro de 2011

O que eu adoro em ti
Não é a tua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Não é o teu espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai

O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que adoro em ti lastima-me e consola-me:
O que eu adoro em ti é a vida!

Manoel Bandeira

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Um dia,
E da forma mais simples
que couber em mim
Dir-te-ei sem medo, assim:
- Queria te ter do meu lado
quando tudo desse errado!

Queria ser pra ti, razão de viver,
assim como és pra mim,

Eu sei, tu sabes, todos sabem
Mas ninguém ousará dizer.
Amor é coisa séria,
E nem o mais perverso vilão,
Sabotará a nossa história!
Por que é pura e verdadeira,
Como poucas coisas na vida são!

Por isso há um consenso
De que é melhor calar.
E no silêncio do não dizer
Essa nossa história se desenrola,
Mansa como nós.

M.L.H

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